Quando eu era um jovem e chegava a esta altura de mais um
aniversário, começava a falar com aqueles amigos que eu sempre gostei de ter ao
meu lado nesse dia, e convidava-os para o encontro habitual em minha casa para
a famosa fatia de bolo, comer e beber mais qualquer coisa.
Nunca fui muito de festas. Aliás não tenho memórias nenhumas
de festas de aniversário… a não ser quando comecei eu a fazê-las já “homenzinho”,
trabalhador-estudante, e sempre sem dar trabalho à minha mãe que não
gostava de confusões mas fazia questão de provar do bolo, que era sempre feito
por mim.
Eu não podia deixar nada sujo, e depois da festa a casa tinha que ficar
arrumada e limpa. «Isso é assunto teu» dizia ela quase sempre aborrecida por
ter que aguentar umas horas de confusão e barulho, mas acabava por dar o braço
a torcer e convivia com os presentes.
Humores à parte… lembro-me um dia, depois de preparar a mesa
com uns petiscos para os convidados que mais tarde chegariam, que abri o forno
e tirei o bolo que estava cozido e pronto para desenformar.
Foi precisamente naquele momento famoso (e delicado) de virar a forma para
fazer deslizar o conteúdo para o prato que, sem explicação possível (e não se
tratava de falta de jeito pois já tinha feito aquilo várias vezes), a forma vai
para um lado, o prato para outro e o bolo… zás! No chão (depois de ter batido
na beira da mesa), numa viagem alucinante e rápida, ficando partido aos meus
pés.
Após um momento de boca aberta, sem saber como aquilo
aconteceu, começo a insultar o bolo (até parecia que tinha culpa), a forma, o
prato, com quase todos os nomes sonantes da época, até que a minha mãe chega e
me pede moderação na linguagem (acho que nessa altura ela já ouvia mal, mas
percebeu perfeitamente o que eu estaria a dizer), seguido da famosa frase: «És
sempre o mesmo cabeça no ar. Lindo serviço» virando costas e esperando que eu
resolvesse o assunto rapidamente….
Depois de analisar a situação, com mesa posta e convidados dali a nada a chegarem
e sem tempo para fazer novo bolo, decido “meter mãos à obra”… arranjo um prato
novo (o outro partiu), apanho o bolo do chão, e reconstruo o dito no prato. À
primeira vista até nem tinha mau aspecto, mas a verdade é que parecia que tinha
andado na guerra colonial… por isso, decido fazer uma cobertura para o bolo
aproveitando as claras… qualquer coisa no género, e até que deu para disfarçar
um pouco.
Mais tarde, e já com os convidados em casa, na hora de
cantar os parabéns e atacar a “obra prima” eu peço desculpa aos presentes pelo
aspecto do bolo, desculpando-me que foi devido a ter usado uma farinha
diferente… mas, para compensar, avisei que tinha colocado algures no bolo, um
brinde, tipo fava no bolo-rei como acontecia nessa época (isto é que ele é esperto), que dava direito a
quem saísse, a jantar comigo num restaurante italiano que tinha sido inaugurado
há pouco tempo no Porto, e eu é que pagava o jantar.
O bolo foi todo! «Estava uma delícia» disseram todos. A minha mãe provou e gostou, e eu não paguei jantar nenhum 😊 Alguém engoliu a fava… ou melhor, a “mentira”. 😋
Actualmente não faço bolos, encomendo e de preferência de
gelado!
Tudo de bom!
:)
;)
;)
Hahahaha, assim vale a pena.
ResponderEliminarE todos adoraram, no fim de contas.
Amigo, já ultrapassei o "sexogenário" há tempo, e depois dos setenta parece ser um carro de ladeira abaixo. "Hay que puxar o freio de mão"... Sou do sul do Brasil, apaixonado pelo Porto de onde vieram meus antepassados. Realmente come-se muito bem ai. E com relação a aniversário, lembrei de Fernando Pessoa: "No tempo em que festejavam meus anos, ainda não tinha morrido ninguém"... E agora? Estamos, hoje, quase sozinhos no mundo, como sobreviventes. O importante é estar vivo. Grande abraço. Laerte.
ResponderEliminarOlá sex..agenario...Eu já fiz sex...enta
ResponderEliminarAdorei conhecer este espaço
Kis :=}
Ah ah ah que metirinha!
ResponderEliminarMas olha que essa ideia da fava nos bolos de ano é muito boa!
Bjxxx
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