Tendo a possibilidade de gozar uns dias de férias, uma
possibilidade que todos deveriam ter… necessárias para retemperar forças e “carregar baterias”, tento procurar locais
que não conheço ou então onde há muito tempo não vou.
Estar de férias não é sinónimo (para mim) de “desligar de
tudo”, por isso estou atento a determinados pormenores que nos vão surgindo
aqui ou ali, e mais uma vez pude constatar que o meu País tem
tanto de bonito como de “abandonado”… e não falo em paisagens, condições de
alojamento, restaurantes… falo naquilo que rodeia, ás vezes a própria
localidade onde se passa, as estradas, a sinalética… Portugal não é só Porto,
Lisboa, Algarve, Costa Vicentina… Turismo não é só copos, gourmets e festivais de rock.
Férias não é só praia…
Mesmo tendo estado de férias numa altura “eufórica”, em que
todos, ou quase todos, surfavam numa onda desportiva, carregada de esperança, a
verdade é que nem sempre pude constatar aquele brilho nos olhos de felicidade,
em todos os que por razões profissionais se “cruzaram” comigo.
Nunca fui mal atendido ou servido, pelo contrário, fui sempre atendido por
profissionais de categoria, que honram bem a classe a que pertencem. No
entanto, por detrás daquele… ‘Bom dia, boa tarde, em que posso ajudar? Aceita
uma sugestão? Gostaram da refeição? Boa noite até amanhã…’ vi muita tristeza e
desalento escondido, mais ou menos disfarçado.
Constatei que grande parte daqueles profissionais de categoria, davam o seu
melhor e que tudo faziam para servir bem o cliente, a troco de ordenados
miseráveis.
Chamar remuneração digna ao trabalho especializado efectuado, é um engano para não dizer
um enorme insulto, pois aquilo que vi foi escravatura, exploração do homem pelo
homem!
«É a necessidade» dizia-me ‘A’… «se eu não aceitasse
trabalhar nestas condições (12 a 15 horas por dia), alguém aceitaria…. Há
sempre quem aceite. Folgas? Vou gozando algumas, mas ás vezes há muito trabalho
e pedem para não gozar… mas não pagam e depois nem sempre é fácil gozar essas
folgas que se vão acumulando, como o cansaço, o desespero, a desilusão. O
ordenado?... esse também é sempre o mesmo, o mínimo nacional. O que me vale é
que desta vez, estou com contrato de dez meses, mas há quem esteja com contrato
de 1 e 3 meses.
Assim vamos sobrevivendo e… olhe, mais logo que ganhe Portugal, para nos fazer
esquecer por momentos, esta vida»
foto by_NaNi
Tudo de bom!
:)
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